Internacionalização das Universidades Brasileiras: 8 observações e 1 certeza!

Oi pessoal! Tenho recebido algumas mensagens INBOX e alguns e-mails com perguntas que se repetem sobre o processo de Internacionalização. Recentemente, publiquei um 'ponto de vista' sobre o tema, caso queiram ler um pouco mais sobre o assunto. Então, antes de continuar o meu post anterior, escrevi aqui rapidamente algumas reflexões ou observações que julgo importante, principalmente para quem está começando a ler sobre Internacionalização ou está começando a estruturar uma equipe para cuidar do assunto em sua Universidade. Aqui vão algumas delas, com foco nas Universidades Brasileiras:

1- A maioria das Universidades Brasileiras ainda está despreparada para receber visitantes internacionais, sejam professores ou alunos, mas estratégias bastante interessantes estão crescendo neste sentido, ao redor do país, a exemplo das principais públicas USPUNESPUNICAMPUENP... e de Universidades privadas como PUC-RSPUC-SPUNAERPUNIP, entre outras. Visite o site dessas Universidades clicando nos nomes e inspire-se!

2- Para que um professor de fora esteja apto a fazer parte do corpo docente de uma Universidade Brasileira, formalmente, ele ainda deverá validar o seu diploma aqui no Brasil. Esse processo é realizado em Universidades públicas e, por vezes, poderá ser um processo demorado...pois a maioria das Universidades abre este processo apenas 1 vez ao ano, com a validação em si com espera de 4 meses a alguns anos. Isso ainda poderá mudar para o próximo ano...sendo 2 vezes, mas ainda não foi aprovado. Se houver alguma exceção neste sentido, por favor compartilhe! Insira informações atualizadas a partir da data deste post logo abaixo para que outras pessoas possam se beneficiar! Esta é a informação que tenho do mês passado; o mesmo processo seguido de inúmeros documentos e traduções são também requeridos para Brasileiros que obtiveram os títulos fora do país e querem que este seja reconhecido aqui;

A maioria das Universidades não possui um escritório de relações internacionais (embora este número venha crescendo) que seja responsável pelo suporte à vinda de estudantes/docentes estrangeiros.

3- Se o apoio fornecido por escritórios de relações internacionais fosse tal como vejo em muitas das minhas andanças em Universidades, principalmente as do Reino Unido, esses deveriam contemplar desde a saída da pessoa do seu país até sua chegada ao Brasil como: instalações para a família, escola para as crianças, informações para obtenção de visto, entendimento do sistema de educação superior, do sistema de salários, impostos, etc.;

4- Implicações para não se Internacionalizar: são muitas...mas a maior delas é que a falta deste processo está diretamente ligada à falta de inovação...e não sou eu dizendo...mas sim um dos professores de Princeton, do curso de Engenharia Computacional, Prof. Kai Li, quando em sua palestra identificava que um dos pontos cruciais para que os Estados unidos chegassem ao patamar de inovação que eles estão hoje foi a presença de muitos alunos e professores internacionais. Ele ainda enfatizou que a importância de se ter um ecossistema de inovação em uma Universidade, que não atrai somente os bons alunos, é que isso auxilia as Universidades a reterem essas pessoas futuramente para o seu corpo docente. Muitos certamente irão fazer pesquisa, criar empresas ou conseguir empregos em indústrias de alto enfoque tecnológico e de inovação. Hoje vemos que grandes equipes de pesquisa e inovação trazem grupos com muitas nacionalidades. Essas equipes fazem pesquisas para responderem a problemas e perguntas GLOBAIS;

5- Outro aspecto importante é o apoio institucional. Por vezes, temos docentes engajados no processo, porém não há interesse ou apoio institucional. Neste caso, as agências de fomento tentam fazer a sua parte, porém ainda é muita coisa para que façam sozinhas diante do tamanho que é a Educação Superior no Brasil. Sem apoio institucional fica bastante difícil.

O lado das Instituições Brasileiras de Ensino Superior (IES) também é bastante frágil, uma vez que não se consegue remunerar docentes e nem contratar equipe especializada em Internacionalização. Hoje, quem tem feito 'o barco andar' faz serviço voluntário e está sobrecaregado;

Se houver pelo menos o apoio dos que integram o mesmo departamento, quanto às cargas horárias, participação em outras comissões, ausências para representar o curso em processos e congressos onde o processo de recrutamento e colaboração em pesquisa ocorrem ainda ajuda...mas são raras as exceções;

6- A cultura e o idioma ainda são barreiras. Ainda há aqueles que não acreditam no processo. No entanto, ele já está acontecendo e no mundo todo. Consulte aqui o Guia do British Council dos Cursos de Educação Superior que já são ministrados na língua inglesa no Brasil e veja que o processo ainda é lento quando comparado aos demais países, mas está SIM acontecendo e progredindo a passos cada vez mais largos!

A Internacionalização não é uma 'modinha' em que o Brasil quer pegar carona...é um processo global;

7- Quem nunca ouviu falar de fundações, agências de fomento ou oportunidades como: Fulbright (Estados Unidos), Humboldt (Alemanha), British CouncilANII (no Uruguai)Newton Fund (Reino Unido)European Research CouncilMarie Curie Fellowships (Europa)Flanders (Odysseus) (Bélgica), WBI (Bélgica)Endeavour (Australia), CALDO (Canadá), PRESTIGE (França), Fraunhofer (Alemanha), Horizon 2020 (Europa), Pegasus (Bélgica), e muuuuuuuitas tantas outras...comece a se interar, pois as oportunidades são inúmeras, fora as que pontualmente são oferecidas pelas universidades;

8- Quer saber por onde começar? Visite escritórios de relações internacionais já estabelecidos aqui no Brasil...muitos deles já são exemplos a serem seguidos e estão extremamente bem estruturados. Visite a FAUBAI em 2017, em Porto Alegre!!

UMA CERTEZA:
A ESTRADA É LONGA, MAS JÁ FOI CONSTRUÍDA...É SÓ ESCOLHER QUANDO QUER PASSAR POR ELA E SEGUIR...

BOA SORTE E NÃO DESISTA!